A economia global está em constante mudança e, com isso, o mercado de transporte e logística não fica atrás. Neste cenário, os fretes internacionais também contam com grandes transformações e desafios. Isso porque as perspectivas para o comércio global são positivas e há um grande potencial para o crescimento das exportações nos próximos anos.
Neste artigo, vamos analisar o panorama dos fretes internacionais em 2022 e as perspectivas para 2023. Boa leitura!
Cenário atual dos fretes internacionais
Após dois anos de grandes desafios para todo setor logístico por conta da pandemia, 2022 apontou para uma tendência de normalização a níveis pré-pandêmicos. No modal aéreo, por exemplo, a Iberia Airlines operou nesse quarto trimestre de 2022 com 95% da capacidade, comparativamente aos níveis anteriores a 2020.
As operações da United Airlines, devido aos altos níveis de demanda, estão oferecendo seus quatro voos semanais entre Newark, NJ e Lima, no Peru. Também existe a possibilidade de oferecer essa rota diariamente durante a peak season.
Já a Turkish Airlines,passou a oferecer voos internacionais diretos de Tocumen, no Panamá, para Istambul, na Turquia desde Outubro. Esses voos estão operando três vezes por semana e aumentam a capacidade de carga entre as duas regiões.
Quando o assunto é o modal marítimo, principal canal de escoamento de mercadorias no mundo, ainda existem alguns desafios, especialmente nas rotas entre Américas do Sul, Central e Norte como por exemplo:
- Baixos níveis de água em Manaus, especificamente no Rio Negro, estão impactando a passagem de navios e embarques de cargas. Mas nenhuma alteração de capacidade até o final de 2022.;
- Temporada Reefer também traz mais atrasos com carga seca;
- Suspensões de serviços na região reduzem ainda mais a capacidade de rotas movimentadas.
Em compensação, os serviços pelo Chile estão menos comprometidos, com vias reabertas e transportadoras em busca de apoio. Quando o assunto são os fretes marítimos saindo das Américas com destino a Ásia e Pacifico, a situação de disponibilidade de equipamentos melhorou, mas ainda há desafios no Reefer.
Mas a utilização de navios Costa Oeste dos Estados Unidos e México para a Ásia se encontram 90% com espaço disponível. Todas as linhas de navegação estão abertas para oportunidades de negócios.
O crescimento do comércio eletrônico e a demanda por fretes internacionais
O crescimento do comércio eletrônico está aumentando a demanda por fretes internacionais. De acordo com os dados de 2022, houve um aumento de quase 10% na demanda relacionada a e-commerce em relação ao ano anterior.
Assim, é importante que as empresas se preparem para esse cenário, aumentando seus investimentos em planejamento de embarques e garantindo que seus produtos cheguem aos destinatários de forma rápida e segura.
Por isso, fica evidente que as organizações precisam se atentar e realizar uma análise abrangente dos fretes internacionais, além de contar com ferramentas que tornem as análises de fretes e de gestão de supply chain mais eficientes.
Quais foram os principais destinos de fretes internacionais em 2022?
Em um ano onde as exportações brasileiras impulsionam a balança comercial, os principais destinos dos móveis brasileiros, segundo dados do Comex Stat, foram:
- Estados Unidos, com 37% do mercado exportador e transacionando mais de US$ 330 milhões FOB;
- Argentina, correspondendo a 7,8% das exportações e transacionando aproximadamente US$ 70 milhões FOB;
- Uruguai, com participação de 7,2% do mercado e com transações FOB chegando a aproximados US$ 65 milhões.
Já quando o assunto são as principais unidades federativas produtoras do setor moveleiro, os destaques de 2022 são:
- Santa Catarina;
- Rio Grande do Sul;
- São Paulo;
- Paraná;
- Minas Gerais.
Os números mostram que a Região Sul se consolidou como grande polo do mercado moveleiro no Brasil, correspondendo a 78,4% das exportações. No total, foram transacionados em 2022 aproximadamente US$ 900 milhões e mais de 349 mil toneladas de mercadorias exportadas.
Qual a perspectiva dos fretes internacionais para 2023 nos principais modais?
Aéreo
- No primeiro trimestre de 2023, a Iberia planeja operar com 105% da capacidade, com a aquisição de novas aeronaves.;
- Além de incorporar outros players da cadeia logística, sobretudo ampliando sua participação em terminais de contêineres mundo a fora, Maersk, CMA CGM e MSC também entraram no transporte de carga aérea.
Marítimo
- Sob a ótica do transporte marítimo, já é fato que entraremos o ano com fretes bastante abaixo do observado nos últimos dois anos, mesmo que ainda acima dos níveis registrados em 2019;
- Em 2023 entrarão em operação 343 navios com capacidade para transportar 2,3 milhões de TEUs, o que representa um incremento da oferta de capacidade de 8,1%, ao passo que a demanda global deve crescer apenas 2,7%, podendo gerar um descompasso entre a oferta e demanda;
- Ao todo há cerca de 917 navios (7 milhões de TEUs) encomendados, o equivalente a 27,4% da frota mundial em operação! Essa marca não era atingida desde 2011.
Segundo Robert Grantham, outro tópico que certamente fará parte da agenda de 2023 é a verticalização e a expansão da presença dos armadores na cadeia logística. Liderados pela Maersk, a primeira a anunciar serviços logísticos integrados, outros armadores seguem caminhos semelhantes.
Tendências dos fretes internacionais em 2023
A IMO 2023 é a nova regulamentação internacional que entrou em vigor no último dia 1º de novembro e pode levar ao sucateamento de navios ineficientes, além da redução da velocidade dos navios visando diminuir as emissões. Apesar das metas para descarbonização dos navios estarem distantes (2050), é preciso levar em conta que um navio encomendado terá uma vida útil de 20 a 25 anos.
Dessa forma, o desenvolvimento de combustíveis verdes também deve continuar ocupando lugar de destaque na pauta de 2023. A disponibilidade de energia e combustíveis verdes em quantidades suficientes e a preços competitivos continua sendo o principal desafio para a descarbonização do transporte marítimo global. Por fim, os processos de automação e digitalização continuarão em ritmo acelerado.
Um relatório do Banco Mundial e da Associação Internacional de Portos e Terminais (IAPH) concluiu que uma melhor colaboração digital entre entidades públicas e privadas em toda a cadeia de suprimentos marítimos resultaria em ganhos significativos. Iniciativas de digitalização tornam as operações mais eficientes e a gestão de supply chain mais resiliente, além de alcançar benefícios de segurança e compliance.
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