O polo moveleiro de Bento Gonçalves fecha o primeiro trimestre com queda de 10,3% nas exportações ante o mesmo período do ano passado, em oposição ao desempenho estadual e nacional, que contabilizaram crescimento no valor exportado. O resultado foi afetado especialmente pelo péssimo primeiro trimestre, quando as exportações tiveram queda de 13,4% ante 2012.
A queda no segundo trimestre foi menor, mas ainda alta: 7,7%. A queda de competitividade da indústria é tida como um dos principais motivos do resultado. A presidente do Sindmóveis, Cátia Scarton, avalia que a indústria tem sentido os efeitos do aumento dos custos, dificuldades logísticas e alta carga tributária, que vêm implicando em dificuldade de concorrência internacional do polo. “Para revertermos esse cenário, estamos investindo na atração de negócios através do Projeto Comprador da Casa Brasil, com apoio da Apex-Brasil, e divulgando a Movelsul nas principais feiras de móveis do mundo”, pondera Cátia.
Além disso, os mercados latino-americanos – onde se concentram as exportações do polo – têm apresentado crescimento inferior ao esperado. Na última semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as expectativas para o crescimento econômico global, especialmente pela preocupação com o fraco desempenho de países emergentes e, também, pela crise já instalada nos países avançados. O desempenho negativo foi registrado especialmente pela queda expressiva das vendas em mercados relevantes para as empresas de Bento Gonçalves. Na América do Sul, destaca-se o decréscimo das exportações para Uruguai, Chile e Equador. Na África, Angola, África do Sul, Moçambique e Zâmbia reduziram suas importações dos móveis do polo. Por outro lado, Colômbia e Peru, que vêm sendo os principais mercados do polo em 2013, apresentaram crescimento expressivo no semestre: 6,6% e 14%, respectivamente.
Na Argentina, após as quedas dos últimos anos, as exportações cresceram 77,9% em 2013, elevando o país à condição de sexto principal mercado para as indústrias moveleiras do polo. Entretanto, a crise no país vizinho pode fazer com que as restrições às importações fiquem ainda mais rígidas nos próximos meses, afetando as exportações de móveis negativamente no segundo semestre.
O desempenho da indústria moveleira no mercado interno também não está atingindo os níveis esperados para compensar a queda das exportações. Mesmo com a desoneração da folha de pagamento, o faturamento das empresas tem crescido menos que a inflação. Entre junho de 2012 e maio de 2013, o INPC teve incremento de 6,95% na comparação com igual período anterior. Enquanto isso, as vendas aumentaram 4,94%.