O cenário de instabilidade econômica agravado pela guerra na Ucrânia – além das altas na inflação e nas taxas de juros no mercado interno – não deixaram o polo moveleiro de Bento Gonçalves imune à retração. Conforme dados da Sefaz, o faturamento das empresas de móveis localizadas em Bento, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza apresentou um pequeno recuo de 1,1% no primeiro semestre de 2022, totalizando R$ 1.488.179.330. Os empregos no setor também foram impactados, resultando no fechamento de 11 vagas de trabalho – queda de 0,16% em relação ao saldo de 2021, que foi de 6.692.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Vinicius Benini, o balanço é reflexo de uma conjuntura de fatores. “As indústrias da região vinham se recuperando das dificuldades criadas pela pandemia, especialmente no que se refere a fornecimento de matérias-primas e logística, tanto que fechamos 2021 em ótimos patamares. Nossa inteligência comercial entende que os principais impactos em 2022 são alta na inflação, juros elevados e redução no poder de compra – além do efeito cascata que a guerra na Ucrânia causa na economia mundial”, explica.
EXPORTAÇÕES
A queda nas exportações de móveis produzidos no polo de Bento Gonçalves foi mais acentuada. Nos seis primeiros meses de 2022, as empresas da região movimentaram 27.259.916 milhões de dólares – decréscimo de 21% em relação a igual período do ano anterior (34.485.108 milhões de dólares). O aumento da inflação em termos mundiais impactou os principais países compradores dos mobiliários “made in Bento”, levando Chile, Reino Unido, Peru, México, Colômbia e França a reduzirem suas compras de modo expressivo.
O diretor Internacional do Sindmóveis, Cleberton Ferri, ressalta a importância de as empresas exportadoras diversificarem as parcerias com outros países. “Especialmente nos momentos de crise, é de grande importância entender as particularidades do mercado externo para buscar novos negócios. Estudar critérios como hábitos de consumo, preferências, taxas cambiais e logística podem fazer muita diferença no desempenho das exportações, não limitando as empresas à realidade do mercado ‘a’ ou ‘b’”, comenta.