O setor moveleiro gaúcho não consegue mais segurar no preço ao varejo os sucessivos reajustes nas matérias-primas, componentes, acessórios e embalagens aplicados desde maio do ano passado. De forma construtiva, a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) lança um manifesto nesta quinta-feira, dia 18, clamando pela união de esforços dos diferentes elos cadeia para o enfrentamento desse momento crítico de retomada do setor.
O documento, assinado pela Movergs com anuência de sete entidades moveleiras gaúchas – incluindo o Sindmóveis –, destaca que todos os segmentos da cadeia moveleira são codependentes. “Não se trata de uma disputa comercial, pois é sabido que os aumentos e a dificuldade de abastecimento afetam a todos num efeito cascata que vem desde os insumos primários. Trata-se, portanto, de buscar um diálogo construtivo e soluções colaborativas entre os pares da cadeia de madeira e móveis”, diz o documento, enviado para entidades empresariais e governamentais como Abimóvel, FIERGS e Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEDETUR) com intuito de se encontrar um entendimento para a continuidade das atividades do setor, que sabidamente têm encontrado dificuldade de absorver os reajustes nos insumos.
O presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, pondera que o relativo bom desempenho no faturamento do setor em 2020 demanda uma leitura mais ampla, considerando esse aumento nos custos de produção – reajustes que foram absorvidos pelas fabricantes até o fim do ano passado, mas que deverão ser repassados ao preço final. “No momento, a indústria enfrenta faturamento real negativo, margens deprimidas, falta de matérias-primas, baixos estoques e consequente incapacidade de atender a demanda do consumidor”, avalia.
Leia o manifesto na íntegra:
MANIFESTO DA MOVERGS EM NOME DA CADEIA MOVELEIRA
É crescente a preocupação do setor moveleiro gaúcho com o reajuste nos componentes e insumos bem como redução nas cotas de aquisição. A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (MOVERGS), entretanto, não pretende impetrar um tom agressivo nem politizar a questão.
Não se trata de uma disputa comercial, pois é sabido que os aumentos e a dificuldade de abastecimento afetam a todos num efeito cascata que vem desde os insumos primários. Trata-se, portanto, de buscar um diálogo construtivo e soluções colaborativas entre os pares da cadeia de madeira e móveis.
Dito isso, a indústria gaúcha de móveis esclarece que já não tem capacidade de absorver o aumento nos custos de produção. Embora os dados mais recentes de desempenho mostrem um faturamento nominal crescente em 2020 (+ 9,1% no RS), a realidade dista desses parâmetros, justamente em virtude da elevação nos custos de produção. No momento, a indústria enfrenta faturamento real negativo, margens deprimidas, falta de matérias-primas, baixos estoques e consequente incapacidade de atender a demanda do consumidor.
Ressalta-se, ainda, o forte aumento nos índices de preços no acumulado dos últimos 12 meses: mais de 40% no IPA- DI e IPA-M (FGV) e quase 30% no IGP-M (FGV). Esse ritmo de aumento nos preços está penalizando a cadeia moveleira de forma muito severa, podendo inviabilizar muitas operações e prejudicando o setor como um todo.
Dessa forma e entendendo que todos os segmentos da cadeia moveleira são codependentes, a MOVERGS formaliza seu manifesto no intuito de clamar pela união de esforços para o enfrentamento desse momento crítico de retomada do setor. Também pedimos que aos setores de base compreendam o impacto em cascata dos reajustes deliberados sobre os fornecedores da indústria e a própria indústria moveleira.
Ademais, conclamamos a Abimóvel para um esforço político no sentido de isentar os impostos de importação sobre chapas, que hoje incidem em 10%. Uma medida nesse sentido, embora não surta grande impacto nas perdas que a indústria moveleira vem enfrentando, ao menos demonstraria a inclinação política em estimular a produção industrial do nosso país, nesse momento tão crucial.
Assina este manifesto a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), com apoio de
Sicom Lagoa Vermelha
Sindimadeira RS
Sindmarc/RS – Sindicato da Indústria da Marcenaria no Estado do Rio Grande do Sul
Sindmobil Região das Hortênsias
Sindmóveis Bento Gonçalves
Sinduscom Erechim
Sinduscom Nordeste RS
Sinduscom Passo Fundo e Região